domingo, 22 de março de 2015

Clube VIP

1987, o que tem este ano de especial? Nada..menos para mim.
Tinha 14 anos e já sabia há algum tempo que a pilinha não servia só para fazer chichi!

Desde os doze anos que os meus pais já me deixavam sair até uma pastelaria a cerca de cem metros, no máximo, de nossa casa, chamada “Dália”, até ás vinte e três horas, o mais tardar.
Nesta altura da minha vida, as minhas obrigações e interesses passavam por estudar, jogar futebol, estar com os meus amigos e ir de vez em quando (ao fim de semana, sempre) à pastelaria. No final da noite costumava ajudar o Sr António, o empregado, a desmontar a esplanada (isto no Verão) e como recompensa, o Sr José, o dono, dava-me o tabuleiro de bolos, que não se tinham vendido durante o dia, que partilhava com o resto da canalha, minha amiga.
(se és mais velho do que eu e te lembras de passar ao fim da noite na “Dália” e ver uns putos de tabuleiro no colo a comer bolos, eu era um deles e a razão de os estarmos a comer)
Assim foi a minha vida até aos catorze anos, e continuou a ser, com a novidade de ter ido estudar para Santo Tirso e ter começado a sair de vez em quando para a “Pedra do Couto”, uma conhecida discoteca da zona.
Na primeira vez que lá entrei, apercebi-me da existência de um “Clube”, ou seja, uma área privada, à parte do resto da discoteca, para uma elite, nem que seja saloia. E nesse primeiro momento apercebi-me, que a minha camisa de cornucópias, em tons de castanho, muito bonita e fashion (na altura), era digna de ser passeada nesse espaço restrito.
Como fiz isto acontecer? Fazendo-me de parvo. Característica que persiste, apesar de me esforçar para que não se faça notar.
Subo as escadas e indiferente à presença de quem controlava a entrada e saída de pessoas na porta do “clube”, entro...e sou puxado para fora.
- Não pode entrar! – diz-me o porteiro.
- Não?! – pergunto com cara de espanto e mostro-lhe o meu “cartão jovem”. Não me perguntem para que servia, mas este cartão dava ao adolescente dos anos oitenta um ar de sofisticação.
O porteiro chamava-se Silva e para sorte minha achou-me piada. E eu gostei que ele me achasse piada, porque o Silva era a pessoa certa para conhecer e pela conversa e aspecto, era macho, comentando todo o “rabo de saia” que passava pela porta, deixando-me sossegado.
Fino como o Rato, para criar empatia com a minha vítima, entrei no mesmo jogo e fui mais além, comentando de forma babada, mulheres já avózinhas.
O Silva “caiu” como um patinho.
- Podes entrar! – diz-me ele, mesmo não fazendo parte de nenhuma lista VIP.
Com o tempo fui conhecendo as pessoas e quando ia à discoteca já entrava directamente pela porta exterior do “clube”, sem nunca ter detectado nada distintivo entre as pessoas escolhidas para entrar por uma porta e escolhidas para entrar por outra!
Apesar de jovem e já fazer parte de uma “lista VIP”, nunca deixei de ir cumprimentar o Silva, que controlava a porta interior, mas sem joguinhos, comentando só as “jeitosas”.

Tinha a ideia que fazendo parte de uma lista VIP, seria mais fácil “sacar gajinhas”, mas não foi neste tempo que a minha pilinha deixou de fazer só chichi!

domingo, 15 de março de 2015

Isto não se passa comigo

- Queres apanhar a roupa do estendal ou aspirar a casa? - perguntou-me a... ou melhor, contou-me um amigo, dizendo que a sua mulher lhe fez esta pergunta.
Perante a minh...ou melhor, perante a hesitação do meu amigo, apesar de ele me contar que detesta menos aspirar, porque não corre o risco de ser apanhado pela vizinhança a estender roupa, a Crist...ou melhor, a mulher dele, além de perguntar, respondeu por ele:
- Está bem! Aspiras e apanhas a roupa.
- Mas eu prefiro aspirar! – respondi...respondeu o meu amigo, não fui eu!
- Está bem! – diz a Cristina, por acaso a mulher do meu amigo tem o mesmo nome da minha mulher, e prossegue – Então podes escolher aspirar antes ou depois de apanhar a roupa.
O meu amigo continuou com os desabafos, lamentando os desequilíbrios, as passagens do 8 para o 80 em quase todas as actividades do ser humano. Para ele, no caso concreto da “libertação” da mulher, de lhe garantir direitos fundamentais, não estava consagrado o direito de se libertar dos mimos e de actividades domésticas, que nós, homens, em solteiros, tínhamos garantido pelas nossas mães. Este facto dá direito por si só, a que voltemos por justa causa para o colo das nossas mães e que se celebre o Dia Mundial do Homem  no dia a seguir ao Dia Mundial da Mulher.
Cheguei a...ou melhor, o meu amigo chegou a pensar,apesar de não ter nenhuma filiação religiosa, depois de ler a Bíblia e de estar a ler o Alcorão, o Livro Sagrado do Islamismo, tornar-se muçulmano, onde o papel da mulher é bastante simplificado e não tem nada que enganar. É tão simples, claro e cristalino, quanto isto, “obedecer ao homem”.
Concordei imed...imediatamente disse ao meu amigo:
- Isso não! Isso seria uma regressão, como passar do 80 para o 8.
Apesar deste meu argumento, de suposta racionalidade, o organismo dava-me uma resposta contrária e esta ideia macabra da mulher obedecer cegamente ao homem, fazia-me salivar...da mesma forma que salivo, quando alguém está à minha frente com a boca cheia de sugos!
No Ocidente não prevejo uma marcha-atrás no respeito pela mulher como individuo e voltar, como não há muitos anos atrás, ao tempo dos nossos pais, avós,...em que a mulher era criada para saber servir o homem.

Por isso, é muito provável, que me vejam...ou melhor, que eu veja, um destes dias, o meu amigo, ou a viver novamente na casa da mãe ou a passear a Cristina, sua mulher, de burka!

domingo, 8 de março de 2015

Um Dia Mundial de...

A propósito do Dia Mundial da Mulher, pus-me a questionar porque não abranger este dia e transformá-lo no Dia Mundial da Fêmea? Após breve reflexão, apercebi-me que não fazia sentido!
Em todas as espécies, à excepção da nossa, a Natureza faz o seu papel e organiza as comunidades e famílias, em que cada um, macho e fêmea, desempenham instintivamente o seu papel, sem atropelos.
Isto acontece nas várias espécies sem grandes diferenças e de forma muito básica. O macho caça e seduz, a fêmea protege as crias e deixa-se “galar”, como os nossos antepassados também o faziam. É a Natureza.
Uma excepção a este teatro acontece com uma espécie de aves australiana, em que o macho, cem por cento monogâmico, quando a fêmea morre, lança-se de um penhasco ao encontro da morte, sem que outro pássaro lhe tivesse dito de antemão, que iria encontrar um sem número de pássaras virgens à espera dele, no céu!
Mas o Homem, ao tornar-se cada vez mais “inteligente”, foi-se afastando da Natureza, criando as suas próprias organizações sociais e relevando ou diminuído o papel dos indivíduos, criando Culturas e Religiões, com comportamentos tão díspares, que resultaram na divisão do Mundo entre Ocidente e Oriente. Qualquer outra espécie animal não difere nos comportamentos, esteja onde estiver…um cão tanto levanta a pata para fazer “chichi”, em Portugal, como levanta a pata para fazer o mesmo no Vietname.
São estes atropelos do Homem (cada vez mais inteligente) sobre os outros, que o levaram a criar o “Dia Mundial de…” para nos lembrarmos de como deveria ser, aquilo que transformamos em…!
Um desses dias foi o Dia Mundial da Mulher, cujo papel, as Religiões e diferentes Culturas, trataram de diminuir na sociedade, desde há séculos.
Mas no Ocidente algo iria acontecer, e o marco do primeiro movimento feminista acontece no século XIX e coincide com a revolução industrial. Até aqui, o estatuto social da mulher resumia-se a um ser que necessita da tutela e de protecção do homem. E é nos fins do século XIX e inícios do século XX que um grupo de mulheres inglesas, lidera um movimento pela igualdade perante a lei, pela instrução, por um salário justo e pelo direito de voto.
Todas estas reivindicações, com sentido, aconteceram e acontecem, em consequência de comportamentos extremos em que durante séculos o homem diminuiu a importância da mulher.
Mas este movimento, que deu origem a outros durante o século XX, também espalhou a ideia errada entre muitas mulheres de que deveriam ser iguais aos homens, em tudo. É quando chegamos a um ponto em que não existe equilíbrio na cabeça de cada um, onde tudo se confunde.
Um destes dias, alguém falou (e foi uma mulher) nas características da mulher ocidental moderna, e apresentava o dom de reproduzir como uma característica menor.
As fêmeas, no mundo animal, têm esta capacidade de emprenhar, que talvez seja a, ou uma das coisas mais importantes no Planeta! Permite-lhes criar um vínculo com a cria, que o pai, provavelmente, nunca conseguirá compreender na plenitude, como quando se tira “satisfaz bastante” no teste de matemática. Somos bons, mas não dominamos a matéria toda!
Fisicamente também somos diferentes, o que impede de atingirmos a igualdade plena. Anatomicamente a mulher não pode dar uma coçadela sôfrega nos testículos, quando as truses lhe apertam, ou uma mais amena, enquanto põe a conversa em dia com os seus semelhantes. No máximo, podem cuspir para o chão e dizer uns palavrões…mas, se para algumas de vocês, a igualdade passar por aqui, resistam, porque isto não tem nada de encantador!
Não queiram ser como nós, homens…não sejam pragmáticas e cumpridoras de horas!
Não queiram ser como nós, que com 37,8 graus de temperatura dizemos que vamos morrer e vocês com 40 graus não deixam de tomar conta dos filhos.
Gosto de vós quando eu digo que branco é branco e vós, só porque vos apetece, dizeis que se calhar é azul. Gosto de vós quando “me tirais do sério”, porque quereis dizer “parede” e pela boca vos sai “chão”. Gosto de vós quando combinamos às três da tarde e apareceis às três e quarenta e cinco e dizeis: “Desculpa, atrasei-me um bocadinho!”…Gosto de vós, porque simplesmente, quanto mais o tempo passa, mais tenho a certeza que vos compreendo menos…
Mas sei que ninguém ama como vós, que ninguém luta como vós, que ninguém cuida como vós e que ninguém resiste como vós! E isto chega.

Não confundais “direitos” com “ser iguais”… não deixeis de ser Mulheres!

Só não percebo…porque razão o Dia do Trabalhador, não se festeja a trabalhar!

domingo, 1 de março de 2015

A racionalidade tem limites

Quinta feira, hora de jantar, estamos na sala da casa dos meus pais. Eles, eu, o meu irmão e o filho deste, o Gonçalo, meu sobrinho de quatro anos e dez meses ...as esposas nesta noite não estão presentes. Esta reunião familiar, desde que casei, fui o primeiro, realiza-se duas vezes por semana, forma de estarmos juntos. Geralmente a televisão perde para a rádio, que a minha mãe sintoniza numa estação, onde passam músicas bonitas, segundo ela, porque no Telejornal só passam desgraças, a não ser que num qualquer canal esteja a dar um filme com cãezinhos e gatinhos! Lá em casa, além de sermos todos Sportinguistas, gostamos muito de bicharada!
Por entre conversas da actualidade e outras meramente banais, mas as mais importantes, porque são as nossas, o meu irmão diz, que no carro, à vinda para o jantar, passou a notícia na rádio de que o Sporting tinha perdido a 1ª mão da Liga Europa com os alemães do Wolf... não sei das quantas por 2-0 e imediatamente desligou o rádio.
O filho, meu sobrinho, com o clube ainda não muito bem definido, apesar dos chapéus e camisolas do Sporting que lhe dei e quando fica em minha casa a dormir eu lhe repetir ao ouvido, quando já está num sono profundo, “Sporting, Sporting,...”, e por influência de terceiros que o tentam desviar para clubes que não interessam, não tendo em conta o alto interesse da criança, como a adopção gay, em que nunca ouvi falar nas vantagens e do bem das crianças a adoptar, não pode nem deve ouvir notícias com as palavras “Sporting” e “Perder”, para evitar associações como o cão de Pavlov, que ao ouvir a campainha, baba-se.
Hoje, domingo, dia de Porto-Sporting.
Telefono ao meu irmão que me pôs à conversa com o meu sobrinho:
 - Gonçalo, ora diz Sporting! – peço-lhe
- Sporting, tio, Sporting!
Do outro lado da linha ouço a minha cunhada:
- Ora diz Porto, Gonçalo!
- Porto, Por...
- Não, Gonçalo! É Sporting... – insisto.
Num mundo cada vez mais perigoso, cada vez mais desapaziguado, com os casos extremos de jovens a fugir da Europa, para se filiarem no EI, era o que faltava o meu sobrinho filiar-se num clube que não seja o Sporting! Combinado com o meu irmão, e inspirados no filme “Goodbye Lenin”, vamos criar um mundo que já não existe!
Logo à noite, os três, eu , o meu irmão e o Gonçalo, em vez do jogo verdadeiro, vamos ver uma gravação do jogo Porto- Sporting, realizado a 27 de Janeiro de 1946, que serviu de inspiração para o filme “O Leão da Estrela”, com resultado favorável ao Sporting (2-3); na quarta feira, vamos ver o Sporting-Apoel, jogado em 13 de Novembro de 1963 (resultado, 16-1 para o Sporting) e vamos dizer ao Gonçalo que é a meia-final da Champions, no próximo domingo vamos assistir ao saudoso jogo de 4 de Dezembro de 1986, entre Sporting-Benfica (7-1, para o Sporting) e vou dizer ao meu sobrinho que passamos para o primeiro lugar do campeonato e para, de uma vez por todas, cimentar o sportinguismo do Gonçalo, na quarta feira dessa semana vamos assistir à Final da Taça dos Campeões Europeus 1966-67, ganha pelo Celtic de Glasgow ao Inter de Milão. Como o Celtic veste de verde e branco, facilmente passa como sendo o Sporting. Eu e o meu irmão já combinamos uma hora com um grupo de amigos, para passarem na rua a buzinar e a gritarem pelo Sporting.
Nessa quarta feira, o meu sobrinho, vai participar pela primeira vez ( o pai e o tio também) na caravana que festeja a Liga dos Campeões Europeus ganha pelo Sporting!

O cão, ao ouvir a campainha, vai deixar de babar-se e começar a uivar e a ferrar!